Vivienne Westwood morreu no dia 29 de dezembro, eclipsada pela morte de Pelé no mesmo dia. Uma das maiores perdas de 2022, ela foi a responsável por dar uma cara à estética punk que logo saiu dos guetos londrinos para as passarelas da moda em todo o mundo. Escrita por Jane Mulvagh, sua biografia, Vivienne Westwood: an unfashionable life, é leitura obrigatória para todo mundo que busca entender a moda nos anos 70 e 80. Contestadora e rebelde desde a adolescência, ela abriu no fim dos anos 60 a loja Let it Rock, em Chelsea, Londres. Logo seu marido, o empresário musical e visionário Malcolm McLaren transformou o espaço em um ponto de encontro de toda uma geração que se espalhava pela cidade, os punk.
Renomeada Sex e tendo como uma das vendedoras Chrissie Hynde (que depois se tornaria uma das cantoras e compositoras mais famosas da sua geração, à frente da banda The Pretenders), lá nasceu e se popularizou todo um visual de contestação ao sistema, com roupas rasgadas, sexualidade indefinida, violência glamourizada e muito mais. Um dos inúmeros frequentadores da loja, Johnny Rotten, foi escolhido por Mclaren para ser o frontman de uma banda que iria representar toda essa estética de Westwood musicalmente. Simplesmente foi assim que nasceram os Sex Pistols. Sem a loja Sex, McLaren e Westwood, provavelmente o punk nunca tivesse se tornado esse fenômeno de massas que se tornou.
Questionadora, sua moda sempre foi subversiva. A influência dela na segunda metade do século na moda e comportamento é tão importante que, ela recebeu a mais alta honraria da Coroa britânica, o título de Dama do Império, o equivalente feminino ao título de Sir. “Já me senti muito rebelde, mas agora percebo que isso não faz sentido. A guerrilha urbana era essencialmente o que buscávamos, mas não acredito que haja uma cruzada a ser travada por meio de roupas. Você acaba se tornando o rebelde simbólico, aquele que convence a todos de que estão vivendo em uma sociedade livre. A sociedade tolera seus rebeldes porque os absorve em sua lógica de consumo. Você se torna parte do marketing. Tudo vem com uma etiqueta”, disse em entrevista ao jornal The New York Times.
Um dos grandes ícones do século XX, RIP Dame Vivienne Westwood.