Myrna Silveira Brandão, especial para o LABORATÓRIO POP, de Berlim

 

O diretor texano Terrence Malick está virando um mito e o fato de não participar das coletivas e dos lançamentos de seus filmes só aumenta as especulações sobre sua reclusa personalidade. Assim, ao que consta, ele não está em Berlim. E tudo que se disser sobre ele é sempre algo dito por alguém. Ele mesmo não dá entrevistas desde os anos 70 e não gosta que fotos suas sejam tiradas. Já fazendo parte do folclore da Berlinale, até Dieter Kosslick, seu diretor, brinca com o fato. Na coletiva de lançamento da Berlinale, perguntado sobre as novidades, disse que uma delas poderia ser a vinda de Malick. A chegada de um novo filme seu é, sem dúvida, um acontecimento, como foi neste domingo (08.02) a prévia para a imprensa de “Knight of cups”, na 65ª edição do Festival de Berlim.

 

Knight-of-Cups-topo

 

Estrelado por Christian Bale, Cate Blanchett, Natalie Portman e Antonio Banderas, o filme segue Rick, um escravo do sistema de Hollywood, viciado no sucesso, mas que simultaneamente se desespera com o vazio de sua vida. Embora se sinta confortável no seu mundo de ilusões, está em busca da vida real. Ele se aborrece com facilidade, precisa sempre de um estímulo exterior , mas é também um romântico e um aventureiro. O título se refere a uma carta de Tarot e não houve um roteiro prévio, todas as cenas foram improvisadas.

 

A coletiva aconteceu com os atores Natalie Portman, Christian Bale e os produtores Ken Kao, Nicolas Gonda e Sarah Green que, tentando suprir a falta de Malick, falaram sobre o filme e como foi trabalhar com ele.

 

Bale iniciou sua fala tentando explicar como foi o processo para entender o personagem.

 

“Malick não disse uma palavra do que se tratava, eu só fiquei sabendo que o nome dele era Rick”, entregou o ator, provocando muitos risos na plateia.

 

“Quanto ao filme, é sobre os sonhos e desejos de alguém poderem ser atingidos. Na verdade, é uma viagem e isso é tudo. Eu não sabia qual seria a cena do dia seguinte”, continuou Bale, procurando dar mais alguns detalhes do personagem.

 

“É alguém que teve sucesso, mas, apesar de estar no topo da montanha, tudo para ele é uma tediosa repetição. Ele inicia uma jornada, mas não sabe exatamente para onde. Ele fará escolhas? Não se sabe…”, divagou.

 

Portman, por sua vez, disse que estava feliz e recompensada com os ensinamentos de Malick.

 

“Ele está sempre nos lembrando que as regras da filmagem não são necessariamente as mesmas de sempre. É como abraçar um desconhecido”, exemplificou a atriz, revelando que em toda a sua vida foi uma fã ardorosa de Malick.

 

“Acho que Terrence, como ser humano, consegue ser ainda melhor do que o ótimo diretor que é. Eu o admiro há muito tempo, desde Bandlands (1973)”, definiu Portman sobre o cada vez mais enigmático cineasta de 72 anos.