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Myrna Silveira Brandão, de Berlim

 

“Curumim”, de Marcos Prado, estreou na Panorama Documenta, na 66ª edição do Festival de Berlim. Com o cinema literalmente lotado, Prado – diretor de “Estamira” e produtor de “Tropa de Elite”, de José Padilha, vencedor do Urso de Ouro em 2008 – não escondia sua satisfação com a estreia do seu novo filme na Berlinale. O dramático documentário acompanha os últimos momentos da vida de Marco Archer, brasileiro executado na Indonésia em janeiro de 2015 por tráfico de drogas. A vida pregressa dele – que era chamado de Curumim pelos amigos – também é contada na produção.

 

Além da programação na Panorama, “ Curumim” também terá uma sessão na Berlinale Special.

 

Dois outros filmes sobre pena de morte também estão na Berlinale: “Já, Olga Hepnarová”, dos tchecos Tomas Weinreb e Petr Kazda ; e “Shepherds and Butchers”, de Oliver Schmitz, coprodução da África do Sul, EUA e Alemanha.

 

Em entrevista ao LABORATÓRIO POP, Prado falou sobre seu documentário e o relacionamento com Marco Archer, com quem conversou horas antes da aplicação da pena capital.

 

Qual sua intenção ao fazer esse filme?

 

“A intenção não é romantizar a vida do Marco nem tampouco transformá-lo em uma espécie de herói. Ele reconhecia que errou e se arrependeu do que fez. A meu ver, as pessoas merecem uma segunda chance, que ele não teve. A intenção do filme é, acima de tudo, humanizá-lo”.

 

Você que o conhece há tempo, como o descreveria?

 

“Eu conheço o Marco desde nossa época de juventude no Rio. Ele era muito carismático, audacioso e inclusive sobreviveu a graves acidentes. Acho que isso lhe dava uma sensação de invencibilidade”.

 

Levantar a questão pode ajudar na discussão sobre a pena de morte?

 

“Sem dúvida vai chamar a atenção para o assunto. Espero que “Curumim” traga reflexão sobre o tema, mas que principalmente, como eu disse, consiga humanizar o Marco”.

 

Como está vendo esta seleção do filme para Berlim?

 

“É muito bom participar de uma mostra que tem uma diversidade tão grande como é o caso da Panorama. Além disso, a Berlinale é provavelmente a maior vitrine para se lançar um filme hoje em dia, tanto comercial quanto institucionalmente”.