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Myrna Silveira Brandão, de Berlim

 

Considerado um dos eventos cinematográficos mais importantes do mundo, a Berlinale apresentará mais de 300 títulos, além de debates, seminários, retrospectivas e homenagens. ”Hail, Caesar!”, de Joel e Ethan Coen –  mostrado fora de competição – dá partida. Ao comentar a escolha do filme, Dieter Kosslick, diretor do festival, lembrou que os irmãos diretores são nomes do primeiro time do cinema independente americano.

 

“Com o seu talento para a ironia, personagens fora de esquadro e histórias que vêm cativando audiências, “Hail, Caesar” é uma forma fantástica de começar a Berlinale”, ressaltou.

 

O filme traz um elenco de peso que inclui Josh Brolin, George Clooney, Ralph Fiennes, Jonah Hill, Scarlett Johansson, Frances McDormand, Tilda Swinton e Channing Tarum, entre outros.

 

Ambientada durante os últimos anos da Época Dourada de Hollywood, no auge do sistema de estúdios, a comédia se passa num único dia na vida de um profissional do cinema (Brolin) às voltas com uma série de problemas, inclusive manter o astro Baird Whitlock (Clooney) na linha.

 

Mostra Oficial

 

Um total de 23 filmes – dos quais 18 em competição – constitui a seção mais importante do festival, cujo júri será presidido pela atriz americana Meryl Streep.

 

A seleção inclui diversos filmes com viés político – uma das características do festival – e, neste ano, com ênfase nos movimentos migratórios e de refugiados.

 

A Europa domina a competição trazendo entre os destaques “The Commune”, inédito do dinamarquês Thomas Vinterberg; “Fuocommare”, do italiano Gianfranco Rosi, sobre os refugiados de Lampedusa; “Cartas da Guerra”, de Ivo Ferreira, sobre a guerra colonial (Portugal); “Quand on a 17 ans”, do francês André Téchiné e ainda da França, em coprodução com a Alemanha, “L’Avenir”, de Mia Hansen-Love.

 

O britânico “Genius” também é esperado com expectativa. Estrelado por Colin Firth, Jude Law e Nicole Kidman, marca a estreia do diretor teatral Michael Grandage no cinema.

 

O País anfitrião mostrará “24 Weeks”, de Anne Zohra Berrached; e “Alone in Berlin”, drama de Vincent Perez ambientado na era nazista e estrelado por Brendan Gleeson, Emma Thompson e Daniel Bruhl.

 

Na delegação americana, um dos mais aguardados é “Midnight Special”, thriller de Jeff Nichols com Michael Shannon, Joel Edgerton e Kristen Dunst. Também se destaca “Zero Days”, documentário de Alex Gibney (vencedor do Oscar por Um Táxi para a Escuridão – 2007), sobre segurança cibernética.

 

A América Latina está representada pela coprodução mexicana “Soy Nero” – sobre um imigrante ilegal – dirigida pelo iraniano Rafi Pitts.

 

O grande destaque fora de competição, além do filme de abertura,   é “Chi-Raq”, musical de Spike Lee, com toda a aristocracia de atores e atrizes negros dos EUA.

 

Brasileiros

 

Ausente da competição oficial de longas, o Brasil concorre ao Urso de Ouro na mostra de curtas-metragens com “Das águas que passam”, de Diego Zon, que aborda o cotidiano de um pescador.

 

Numa declaração ao Laboratório Pop, Zon contou que o filme acabou de ser finalizado.

 

“E aparece essa oportunidade de estreá-lo num festival do porte da Berlinale, ainda estou tentando acreditar”, comemora o diretor capixaba.

 

Dois títulos brasileiros participam da Panorama de ficção: “Antes o tempo não acabava”, de Fábio Baldo e Sérgio Andrade; e “Mãe só há uma”, de Anna Muylaert, que em 2015 ganhou o Prêmio de Audiência da Mostra com “Que Horas ela Volta?”. Seu novo filme é a história real de um menino roubado na maternidade que cresce com a família trocada.

 

O Brasil também está presente na Panorama Documenta com “Curumim”, de Marcos Prado, que acompanha os últimos momentos da vida de Marco Archer, brasileiro executado na Indonésia em 2015 por tráfico de drogas.

 

 

Paralelas

 

A Panorama, destinada a filmes de cunho social e qualidade artística, é composta por Panorama Principal, Especial e Documenta.

 

Entre os destaques – além dos brasileiros – está “War on Everyone”, de John Michael McDonagh, que volta a Berlim com uma sátira locada no Novo México; “Remainder”, primeiro longa-metragem, de Omer Fast, que explora um gênero cheio de trilhas e fantasias; e “Maggie’s Plan”, de Rebecca Miller, que já tinha competido na Berlinale em 2009 com “A Vida Íntima de Pippa Lee”.

 

“Little Men”, de Ira Sachs, mais um título bastante aguardado, tem uma estreita ligação com o Brasil. Além de ser roteirizado pelo brasileiro Maurício Zacharias, é uma coprodução da brasileira RT Features. O filme segue Jacob (Theo Taplitz), de 13 anos, um sensível e tranquilo estudante do ensino médio, com sonhos de ser um artista.

 

Um dos destaques da Fórum – outra prestigiada paralela – é “Dans les Bois”, do francês Fuillaume Nicloux estrelado por Gerárd Depardieu, que vive um solitário caçador

 

Homenagens e retrospectiva

 

 

O fotógrafo alemão Michael Ballahaus, de 81 anos, será homenageado com um Urso de Ouro honorário, reconhecimento pelo conjunto da obra.

 

O destaque da Berlinale Classics será a première mundial do recém- restaurado em versão digital “Destiny”, de Fritz Lang (1921).

 

A retrospectiva será a Mostra “Germany 1966 – Redefining Cinema”, dedicada ao cinquentenário de um momento decisivo no Cinema Alemão, com muitos filmes censurados. Entre outros, serão mostrados dois dos chamados “filmes proibidos” da Alemanha Oriental: “Karla”, de Hermann Zschoche e “Nascido em 45”, de Jürgen Böttcher.

 

 

 

FILMES DA MOSTRA OFICIAL

 

 

Boris sans Béatrice, de Denis Côté – Canadá

Genius, de Michael Grandage – UK, EUA

Alone in Berlin, de Vincent Perez – Alemanha / França / UK

Midnight Special, de Jeff Nichols – EUA

Zero Days, de Alex Gibney – EUA – documentário

Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira – Portugal

A Dragon Arrives, de Ejhdeha Vared Mishavad – Irã

Fire at Sea, de Gianfranco Rosi – Itália – documentário

A Lullaby to the Sorrowful Mystery, de Lav Diaz – Filipinas

The Commune, de Thomas Vinterberg – Dinamarca

L’avenir, de Mia Hansen-Love – França

Quand on a 17 ans, de André Téchiné – França

Mort à Sarajevo, de Danis Tanovic – Bosnia Herzegovina

United States of Love, de Tomasz Wasilewski – Polônia

24 Weeks, de Anne Zohra Berrached – Alemanha

Crosscurrent, de Yang Chao – República da China

Hedi, de Mohamed Ben Attia – Tunísia / Bélgica / França (primeiro longa)

Soy Nero, de Rafi Pitts – Alemanha / França / México

 

 

Fora de competição

 

Hail Caesar!, de Joel e Ethan Coen

 

Chi-Raq, de Spike Lee – EUA

Des Nouvelles de la Planète Mars, de Dominik Moll – França / Bélgica

The Patriarch, de Lee Tamahori – Nova Zelândia

Saint Amour, de Benoït Delépine, Gustava Kervern – França / Bélgica