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Myrna Silveira Brandão, de Berlim

 

O diretor Thomas Vinterberg está de volta à Berlinale , onde em 2010 participou da competitiva oficial com “Submarino”. “The Commune”, seu novo trabalho que concorre ao Urso de Ouro, marca também outros retornos para o cineasta dinamarquês: às suas memórias de infância, a “Festa de Família” – filme que, 17 anos atrás, deu origem à sua carreira – e à influência inspiradora de Ingmar Bergman, certamente a referência mais presente em sua obra.

 

O filme revive muitas das experiências do próprio Vinterberg – em uma comuna Nordkrog, ao norte de Copenhague, onde ele morou com os pais entre 1976 e 1985 – e inicialmente foi uma peça, realizada em parceria com   o roteirista Mogens Ruykov, que morreu no ano passado.

 

O roteiro de adaptação para a tela foi escrito por Vinterberg e pelo diretor dinamarquês Tobias Lindholm.

 

O filme é protagonizado por Ulrich Thomsen e Trine Dyrholm, (que participaram de “Festa de Família” em 1998). A estreante Martha Sofie Wallstrom Hansen tem uma ótima atuação como Freja, a filha adolescente que testemunha silenciosamente a desintegração do casamento dos seus pais.

 

Mostrado numa prévia para a imprensa desta 66ª edição do Festival de Berlim, “The Commune” foi muito bem recebido pelos jornalistas, que conversaram com o diretor após a projeção. Leia os principais trechos:

 

Qual a origem de The Commune?

 

Eu cresci numa comuna e senti que havia uma curiosidade das pessoas sobre essa minha fase. Quando o diretor teatral Matthias Hartmann me propôs fazer uma peça com o tema, eu aceitei e The Commune foi um grande sucesso. Após isso, refleti que Festen foi uma peça que veio de um filme, então por que não fazer o oposto? .

 

Podemos dizer então que The Commune é o seu filme mais pessoal?

 

É muito pessoal e eu tive o cuidado de evitar que ele se tornasse um filme particular. Foi difícil equilibrar e encontrar o caminho, mas eu o mostrei previamente para pessoas próximas a mim e elas puderam sentir a atmosfera da época. O filme é baseado em sentimentos reais, não numa história real.

 

Qual foi a técnica para reconstituir o contexto e atmosfera dos anos 1970?

 

Isso se deve muito ao excelente trabalho de cenografia de Niels (Sejer) e dos figurinos de Ellen (Lens). Eles fizeram uma extensa pesquisa buscando pequenos detalhes e criaram sua própria maneira de mostrar a vida real naquela época.

 

Qual a “participação” de Bergman no filme e em sua obra?

 

Bergman está sempre na minha mente. Ele é parte do meu crescimento e eu tive a sorte de encontrá-lo e de receber conselhos dele. Muitas cenas são diretamente influenciadas por ele.

 

Como descreveria o cerne de The Commune?

 

Para mim, é um filme sobre a perda da inocência e o fim do amor, alguma coisa que, algumas vezes, é inevitável com a passagem do tempo. Há o fim do amor, o fim da infância, e o filme captura a dor e o que vem com isso. Havia um tempo dourado e maravilhosamente ingênuo, mas isso acabou levando consigo a inocência que fazia parte dele.