Myrna Silveira Brandão, de Berlim
Foto: Maria Antônia Silveira Gonçalves e Divulgação
A première mundial de “Cidade Pássaro”, de Matias Mariani, aconteceu nesta sexta-feira (21) numa concorrida noite de gala, seguida de debate com o público ao final da projeção. A noite foi pura emoção. Mariani dedicou a sessão à atriz e ativista Preta Ferreira, representante do MST, que também está no filme e estava presente.
Preta, vítima da perseguição política que está sofrendo por toda a sua luta por moradia em SP e no Brasil, teve uma autorização judicial para vir a Berlim.
Ela tem vários outros trabalhos no cinema ligados à consciência política, direito constitucional e moradia. Esteve em filmes como “Era o Hotel Cambridge”, de Eliane Caffé, e “Mesmo com Tanta Agonia”, de Alice
Andrade Drummond.
Preta agradeceu a Mariani e fez um comovente pronunciamento que emocionou a todos.
Estavam presentes também os atores do elenco principal, os nigerianos OC Ukeje e Chukwudi Iwuji e a brasileira Indira Nascimento.
O filme é a história de Amadi, um jovem músico de Lagos, que viaja da Nigéria para São Paulo com a missão de localizar Ikenna, seu irmão que recentemente rompeu todos os laços com a família.
Amadi teme que se não encontrar Ikenna, o manto do irmão mais velho será deixado para ele, juntamente com a responsabilidade de prover sua família.
Ao começar seguir as poucas pistas deixadas pelo irmão, Amadi descobre que Ikenna não é o professor de matemática que ele imaginava. Além disso, inventou uma série intrincada de esquemas para acumular riqueza no Brasil,
Quando é confrontado com uma possibilidade concreta de encontrar seu irmão, Amadi é forçado a escolher entre a fidelidade à sua família ou o desejo de começar uma nova vida em São Paulo.
Matias disse que a ideia de realizar o filme é um projeto antigo.
“Quando morei fora do Brasil na juventude sempre tive o desejo de fazer um filme sobre a sensação de ser um estrangeiro, de estar em uma cidade hermética, que não se abre para as pessoas”, contou o diretor, acrescentando que é apaixonado por São Paulo e sentia que tinha algo a contar sobre a cidade.
“O filme é o resultado do encontro dessas duas vontades, disse o diretor”, expressando sua satisfação pela première mundial de “Cidade pássaro” na Berlinale.
“Estar em Berlim é um reconhecimento enorme para todos nós que realizamos o filme e sou muito grato por isso. Acho também que demonstra um interesse do cinema internacional em ir além das histórias que se espera do Brasil”, complementou.