Myrna Silveira Brandão, de Berlim
Foto: Maria Antônia Silveira Gonçalves
Sob um frio suportável, sem neve e com a cidade já abarrotada, o Festival de Berlim deu partida nesta quinta-feira (20.2) à sua comemorativa 70ª edição com a exibição de “My salinger year”, de Philippe Falardeau, em estreia mundial. Mostrado numa sessão prévia para a impressa – que antecede à sessão de gala à noite – o longa traz um elenco que inclui Sigourney Weaver e Margareth Qualley.
A história segue a aspirante a poeta (Qualley), que trabalha como assistente da agente literária (Weaver). O trabalho dela é responder ao correio de fãs do cultuado autor J.D. Salinger, orgulho da agência.
O filme foi produzido por micro scope (Canadá) e Parallel Films (Irlanda).
Falardeau está de volta à Berlinale, onde já havia apresentado seu filme “C’est pas moi, je le jure” (não sou eu, eu juro) na mostra Geração, em 2009 quando ganhou o Grand Prix do júri internacional Generation Kplus – o Urso de Cristal para melhor filme. O diretor também escreveu e dirigiu Monsieur Lazhar, indicado ao Oscar e The Good Lie, estrelado por Reese Witherspoon.
“Estou emocionado que “My salinger year” abra a Berlinale 2020. Não poderíamos esperar uma estreia mundial melhor. No passado, a Berlinale estreou com filmes maravilhosos de diretores consagrados. Nem preciso dizer o quanto estou honrado por estar nessa lista. Tenho boas lembranças do festival, onde um dos meus filmes foi exibido na Geração em 2009”, lembrou Falardeau, de 52 anos.
A lotadíssima coletiva após a projeção – na qual participou o LABORATÓRIO POP – foi muito divertida.
Falardeau começou explicando que, da mesma forma que a personagem do filme, ele ainda não tinha lido Salinger até escrever o primeiro rascunho.
“Mas, quando o li, eu mesmo fiquei surpreso de ter gostado tanto da obra e ter decidido fazer “My salinger year””, ressaltou.
Weaver – sempre muito aplaudida pela plateia – manifestou sua motivação para viver a agente literária, principalmente depois que leu o livro no qual o filme é baseado.
Respondendo à pergunta de um jornalista se já tinha tido alguma mudança significativa em sua vida, Qualley respondeu:
“Sim, quando eu tinha 16 anos fui para Nova York, quando vivi uma experiência bem semelhante à que acontece no filme”, revelou a atriz.
JÚRI OFICIAL
Pela manhã, Jeremy Irons – Presidente do Júri da mostra oficial – fez apresentação do seu corpo de jurados que é constituído de:
Atriz Bérénice Bejo (Argentina / França)
Produtora Bettina Brokemper (Alemanha)
Diretora Annemarie Jacir (Palestina)
Dramaturgo e cineasta Kenneth Lonergan (EUA)
Ator Luca Marinelli (Itália)
Cineasta Kleber Mendonça Filho Brasil
Carlo Chatrain disse que a Berlinale está honrada por ter Irons nesta edição de aniversário.
“Seu talento e as escolhas que ele tomou como artista e como cidadão me fazem orgulhoso em recebê-lo como presidente do júri da 70ª edição de Berlim”, ressaltou Chatrain.
O ator, por sua vez, disse que é uma honra e um grande prazer assumir o cargo de Presidente do Júri Internacional do evento.
“A Berlinale é um festival que admiro há muito tempo e que sempre gostei de participar. Estar em Berlim para o Festival será uma oportunidade não apenas de estar na cidade, mas também assistir aos filmes deste ano, bem como poder discutir seus méritos com os colegas do júri”, ressaltou Irons.
Irons atualmente pode ser visto como Ozymandias, na série da HBO “Watchmen”.
Kleber Mendonça Filho, feliz com a escolha, manifestou ao LABORATÓRIO POP a importância de integrar o júri em Berlim.
“Estar como jurado na mostra oficial representa a oportunidade de ver 18 filmes acabados de produzir e conhecer novos amigos, uma dinâmica que me agrada muito, não importa o tamanho do festival. De curtas a documentários ou um festival grande como Berlim, eu sinto um orgulho e uma honra de poder colaborar com o cinema. Também devo dizer que é o primeiro ano de Carlos Chatrian como diretor artístico, bom estar aqui acompanhando tudo isso”, ressaltou o cineasta, enaltecendo o reconhecimento internacional que o Brasil tem tido para o seu Cinema.
“2020 foi um ano sem igual, de Sundance a Rotterdam, Berlim, Cannes, Locarno e Veneza. Creio que eu estar no júri da competição em Berlim resulta do prestígio, trazido não apenas pelo que venho fazendo, mas pela repercussão de “Bacurau” internacionalmente”, destacou Mendonça Filho.