Cinema

Berlinale 2020: Quibani e o cheiro local

Por Laboratório Pop

Myrna Silveira Brandão, de Berlim

“Berlin Alexanderplatz”, de Burhan Quibani – concorrente ao Urso de Ouro na mostra oficial – teve nesta quarta-feira (26) uma concorrida sessão para a imprensa. Um dos motivos é o filme ter como locação a cidade sede do festival.

A historia segue Francis, 30 anos, único sobrevivente de uma travessia ilegal da África que, ao acordar em uma praia no sul da Europa, faz um juramento a Deus: a partir de agora ele quer ser um homem novo, melhor e decente. Logo após, Francis se encontra em Berlim, onde percebe o quanto será difícil cumprir o juramento, sendo um refugiado ilegal na Alemanha, sem documentos, sem nação e sem permissão de trabalho.

Quando recebe uma oferta atraente do carismático alemão Reinhold, 31, para ganhar dinheiro fácil, Francis inicialmente resiste à tentação, mantém seu juramento e fica longe dos negócios obscuros de Reinhold. Mas eventualmente será sugado para o submundo de Berlim e sua vida sai de controle.

O filme é uma moderna adaptação de um dos maiores romances do século 20 , de Alfred Döblin.

Na conferência de imprensa de 29 de janeiro último, quando foram anunciados os títulos da competitiva oficial, “Berlin Alexanderplatz” foi objeto de uma pergunta direta para Carlo Chatrian, diretor da Berlinale.

“Nós não fazemos filmes, nós os recebemos e não iniciamos uma seleção com uma ideia em mente. Mas ficamos felizes quando vemos filmes que homenageiam os diferentes rostos de Berlim, como esse por exemplo”, respondeu Chatrian na ocasião.

Na coletiva após a prévia para a imprensa, Quibani chegou acompanhado dos atores e demais membros da equipe. O cineasta alemão de 39 anos começou falando sobre a importância da música no filme.

“Ela teve um grande destaque, queríamos criar uma experiência dimensional para os espectadores através do design de som”, explicou o diretor.

Bunguê, por sua vez, analisando o personagem, disse:

“Por causa da minha vivência, sempre senti necessidade de ser autor de minha própria arte, o que me permitiu transpor muita força para o papel”, ressaltou ele que ficou bastante emocionado durante a coletiva, a ponto de o diretor do filme, em um determinado momento, levantar e lhe dar um abraço.