Myrna Silveira Brandão, de Berlim
Sally Potter foi o destaque desta quarta-feira (26) da 70ª edição do Festival de Berlim com “The roads not taken”, que concorre ao Urso de Ouro na mostra oficial. O filme foi exibido com casa cheia. A diretora britânica, que é sempre uma atração, não é uma novata na Berlinale. Em 1984 esteve aqui com “The gold diggers”. Em 2009 integrou a mostra oficial com “Rage”. E em 2017 ganhou o Guild Film Prize com a comédia dark “A festa”.
Seu novo filme segue Leo (Javier Bardem) e sua filha Molly (Elle Fanning), ao longo de um dia na cidade de Nova York. À medida em que avançam pela cidade, a jornada de Leo assume um viés alucinatório. Enquanto ele flutua por vidas alternativas que poderia ter vivido, Molly luta para que seu confuso pai saia do estranho estado em que se encontra.
A história prossegue numa manifestação literal do famoso poema do qual o filme leva o título: “A estrada não percorrida”, do poeta americano Robert Frost, que brinca com ideias de autodeterminação e destino.
O filme tem elevada carga dramática, mas Potter e seu elenco conduzem tudo com muita competência. principalmente quando precisam processar a história em termos mais emocionais.
Além de Bardem e Fanning, o elenco conta também com Branka Katic, Milena Tscharntke, Laura Linney e Salma Hayek.
Na coletiva após a projeção, Potter – que chegou acompanhada da equipe do filme – começou discorrendo sobre o seu método de trabalho.
“Gosto de passar nos meus filmes essa vontade de ir mais longe. Para isso, eu estabeleço um ambiente seguro para que os atores possam experimentar”, disse Potter, complementada por Bardem.
“A Sally foi muito generosa permitindo que eu chegasse onde eu precisava. Quanto a Fanning, foi maravilhoso contracenar com ela. Este filme não teria sido possível sem ela”.
Hayek – que nasceu no México e é naturalizada norte-americana – também foi pródiga em elogios para Potter.
“Gostei muito de poder falar espanhol – minha língua nativa – num filme de uma diretora que eu admiro tanto”, ressaltou a atriz.