Myrna Silveira Brandão, para o Laboratório Pop

 

Com frio intenso e alguma neve, o Festival de Berlim dá início nesta quinta (5) à noite  à sua  65ª edição com a exibição de “Nadie quiere la noche”, de Isabel Coixet. É a primeira vez que um cineasta da Espanha abre o evento.

 

Coixet é assídua na Berlinale, onde já apresentou seis filmes, incluindo “Minha vida sem mim” (2003) e “Fatal” (2008).  Em 2009, foi membro do júri na mostra competitiva.

 

Seu novo trabalho  – exibido numa prévia para a imprensa – é uma história de aventura, descoberta e sobrevivência. O elenco inclui estrelas internacionais como a francesa Juliette Binoche, a atriz japonesa Rinko Kikuchi e o irlandês Gabriel Byrne.

 

O filme segue Josephine Peary (Binoche), que, em 1908, vai de Boston à Groenlândia, à procura de seu marido, o explorador Robert Peary.

 

A trama narra a jornada épica dessa mulher para os lugares mais inóspitos da terra, suas aventuras e seu encontro com a jovem esquimó Inuit Allaka (Kikuchi), que vai mudar seus princípios sobre a vida e o mundo.

 

“Nadie quiere la noche” é uma coprodução Espanha / França / Bulgária e foi filmada em locações na Bulgária, Noruega e Espanha.

 

Na lotadíssima coletiva com os jornalistas, que se seguiu à projeção – da qual participou o Laboratório Pop  – Coixet, acompanhada dos atores, disse que a motivação para fazer o filme foi algo que não conseguiu evitar.

 

“A primeira vez que li o roteiro pensei de imediato que não tinha ideia como faria o filme, mas precisava fazê-lo”, explicou a cineasta.  “É uma impactante e misteriosa história baseada em personagens reais, que me deixou totalmente fascinada.  Além disso, amo os desafios e, apesar de ter sido necessário superar muitos obstáculos, não lamento nada”, continou, discorrendo sobre dificuldades nas filmagens.

        

“Não era fácil ir à locação todos os dias, nós tínhamos que viajar mais de uma hora de trenó, com 15 graus abaixo de zero e, muitas vezes, no meio de uma tempestade de neve. Mas, ao mesmo tempo, foi extasiante porque, quanto mais difícil, mais eu gosto”, explicou Coixet com muitos elogios para a equipe da Bulgária, uma das locações do filme.

 

“Os técnicos são muito competentes, ajudaram bastante e eu gostaria muito de voltar lá”, ressaltou.

 

Binoche, por sua vez, destacou a necessidade de humanizar a personagem.

 

“Eu mudei a personagem de uma mulher autossuficiente e dominadora para uma pessoa mais humana”, disse a atriz, complementando que a relação no filme é evolucionista, mas o interessante é a mudança dos sentimentos ao longo da história.

 

 

Júri Oficial

 

Como é de praxe,  Darren Aronofsky, Presidente do Júri da mostra oficial, participou de uma coletiva com a imprensa.

 

Antes, apresentou seu júri que, numa composição bem diversificada, é formado pelo ator alemão Daniel Brühl, o diretor sul coreano Bong Joon-ho, a produtora americana Martha De Laurentiis, a atriz francesa Andrey Tautou, o produtor americano Matthew Weiner e a diretora peruana Claudia Llosa, que ganhou o Urso de Ouro em 2009 com “A teta assustada”.

 

Aronofsky  ressaltou  que estava honrado com o convite e bastante ansioso para ver os últimos filmes dos excelentes diretores que concorrem na Berlinale.

 

“Ser jurado em Berlim é uma experiência fascinante para qualquer realizador”, afirmou Aronofsky, que ganhou o Leão de Ouro em Veneza, em 2008, com “O lutador” e foi indicado ao Oscar em 2011 com “O cisne negro”.

 

“Pi”, seu cultuado filme de estreia, lhe deu o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Sundance em 1998.