Myrna Silveira Brandão

A aposta da mostra competitiva para um provável Urso de Ouro foi “L’Adieu à la Nuit”, de André Téchiné, que tem sua première mundial nesta 69ª edição do Festival de Berlim. Estrelado por Catherine Deneuve – que sempre lota sessões na Berlinale – conta a história de Muriel e sua tentativa de impedir que seu neto Alex se junte ao Estado islâmico na Siria

Muriel vive em uma fazenda de criação de cavalos na França rural quando recebe a visita de Alex que ela criou após a morte de sua mãe em um acidente. Alex passou na fazenda para se despedir dela antes de supostamente ir trabalhar no Canadá. Mas, durante sua curta estadia, Muriel descobre que ele foi convertido ao Islã por meio de sua namorada Lila.

Muriel aceita a nova religião do neto e tenta entendê-lo. Mas depois descobre que Alex planeja ir para a Síria para se juntar ao Estado Islâmico e fica dividida entre tentar dissuadi-lo ou procurar ajuda.

O filme retrata Alex como tendo pouca compreensão do Islã ou da situação política na Síria.

Na coletiva com a equipe de “L’Adieu à la Nuit”, Téchiné falou sobre o cerne do filme.

“O ponto principal para mim era como essa mulher consegue encontrar um meio para ajudar o neto quando percebe que ele cruzou para o outro lado”, disse o diretor.

“Eu queria que o público perguntasse a si mesmo o que faria caso se encontrasse numa situação como essa”, complementou.

Deneuve disse que Muriel é certamente uma mulher inteligente, mas é também muito tolerante e alguém que não faz julgamentos e tenta entender.

“Tolerância e compreensão sem julgamentos podem ser a melhor maneira de tentar ajudar jovens europeus que querem se juntar a militantes islâmicos em conflitos no Oriente Médio”, reafirmou a veterana atriz francesa, que em 2002 ganhou um Urso de Prata por sua atuação em “Oito Mulheres” de François Ozon. O prêmio foi dividido com as outras sete atrizes do filme.

Téchiné, de 76 anos, também retorna à Berlinale, onde esteve na competitiva oficial em 2007 com “As Testemunhas”.