Myrna Silveira Brandão

Berlim

Com o anúncio hoje à noite (15.02), pelo Festival de Berlim dos vencedores dos Ursos de Ouro e Prata, em todos os locais da cidade o comentário geral é sobre quais títulos ganharão os cobiçados troféus.

Embora considerando que premiações sempre podem surpreender, alguns títulos aparecem bem cotados.

O que mais agradou aos crítícos foi ’71, de Yann Demange, um filme político sobre os conflitos na Guerra Civil da Irlanda do Norte na década de 70. Foi bastante aplaudido na prévia para a imprensa e tem a cotação máxima da Screen, revista especializada de cinema.

No entanto, Boyhood, de Richard Linklater, foi o mais ovacionado pelo público e também tem elogios da crítica. O filme é sobre o crescimento de um adolescente e sua família, numa filmagem que durou 12 anos. Em 1995, Linklater ganhou um Urso de Prata com o primeiro filme da série Antes do Amanhecer. Não será surpresa levar o Urso de Ouro de melhor filme ou repetir o troféu Prata de melhor diretor.

Alguns outros também estão sendo falados e levam chance. Entre eles:

The Beloved Sisters, do alemão Dominik Graf, um drama histórico ambientado em 1788, em Rudolstadt, uma cidade provinciana da Alemanha, sobre duas irmãs que disputam o amor do poeta e filósofo Frierich Schiller, autor de “The Robbers”.

O também alemão Stations of the Cross, de Dietrich Bruggemann. O filme é uma crítica à Igreja Católica contada a partir de uma adolescente que se entrega à sua fé, levando-a a um calvário que o filme compara à Via Crúcis.

Ambos os filmes são muitos bons. Considerando que a última vez que a Alemanha levou o Urso de Ouro foi em 2004 – com Head On (Contra a Parede), de Fatih Akin, sem dúvida crescem as chances do país anfitrião.

The Grand Budapest Hotel, de Wes Anderson, que abriu o festival foi bem recebido, mas não foi uma unanimidade para a crítica.

E o brasileiro Praia do Futuro, de Karim Ainouz, que foi um dos filmes brasileiros com mais público das últimas edições. É um filme denso, com alma, sentimento, um dos melhores títulos desta seleção e, sem dúvida, tem qualidades para conquistar algum prêmio.

Correndo por fora, está Life of Riley, de Alain Resnais. Não é o melhor filme do veterano diretor francês (92 anos), mas não será surpresa se sua prodigiosa carreira for levada em conta. O filme é a adaptação de uma peça de Alan Ayckbourn, que explora as possibilidades da vida para falar da morte.

Tudo depende, é claro, da condução do produtor e roteirista James Schamus, que preside o júri.

Entre os atores, embora não haja um grande nome em destaque, estão sendo falados: Jack O’Connell, o soldado de ’71. Ellar Coltrane, o adolescente de Boyhood, e Cillian Murphy, de Aloft. A boa interpretação de Wagner Moura em Praia do Futuro também lhe dá chances na disputa.

Para atriz, uma das favoritas é Lea van Acken que faz o papel da adolescente Maria em Stations of the Cross. Outras também cotadas são Henriette Confurius e Hannah Herzspring, as irmãs de Belowed Sisters.

No mais é aguardar, já que cabeça de júri sempre pode sair uma surpresa, como já aconteceu em edições passadas da Berlinale como por exemplo, em 2009 quando La Teta Asustada, de Claudia Llosa, desbancou favoritos e levou o Urso de Ouro para o Peru. Llosa está novamente na competição, desta vez com Aloft, que foi bem recebido, mas não está entre os favoritos.