RODRIGO FONSECA
Representante oficial da França ao Oscar 2025, o musical “Emilia Pérez”, de Jacques Audiard, que abriu o Festival do Rio (em outubro), só estreia comercialmente por aqui no dia 6 de fevereiro, sendo que, no dia 5 (o próximo domingo), ele pode sair da cerimônia anual do Globo de Ouro com um balde de láureas. Concorre a dez prêmios, incluindo o de Melhor Filme de Língua Não Inglesa, em disputa com o belíssimo “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, que é a maior bilheteria brasileira de 2024, com 2,9 milhões de ingressos vendidos. Em sua pátria natal, o longa-metragem de Audiard foi visto por 1.072.478 pagantes, à força do prestígio que alcançou no Festival de Cannes. Audiard ganhou o Prêmio do Júri pela saga (cantada em espanhol) de um chefão do tráfico do México, o violento Manitas, que transiciona e assume identidade feminina, renascendo como Emilia. O papel é da espanhola Karla Sofía Gascón, que saiu da Croisette com um prêmio coletivo de atuação feminina compartilhado com Adriana Paz, Zoe Saldaña e Selena Gomez. As duas últimas disputam o Globo de Atriz Coadjuvante. Karla pode levar o Golden Globe de Melhor Atriz protagonista na seara dos musicais e comédias, sendo que Fernanda Torres concorre nas veredas do drama, pelo drama de Salles.
A arrecadação atual de “Emilia Pérez” é de US$ 9,6 milhões, o que ampliou o faturamento da França. A terra de Emmanuel Macron fez a festa nas salas de projeção nos últimos 12 meses, contabilizando um blockbuster atrás do outro. Com a comédia “Un P’tit Truc En Plus” (seu maior êxito), a indústria francesa vendeu uns 10,8 milhões de ingressos. Com o estonteante épico “O Conde de Monte-Cristo”, recém-chegado ao Brasil, somou cerca de 9,2 milhões de espectadoras/es. Estima-se que sua rentabilidade se mantenha alta em 2025. É o trabalho que a Unifrance terá no alvorecer do ano que vem.
Esse é o órgão do governo francês cuja missão é assegurar a circulação mundial dos filmes feitos em solo parisiense, em Marselha, em Nice, em Nantes e arredores, realizando um evento anual chamado Rendez-vous Avec Le Cinéma Français para atrair distribuidores e a mídia. Trata-se de um fórum organizado no hotel Sofitel Arc de Triomphe, em Paris, sempre em janeiro. Desta vez, vai ser de 14/1 a 21/1. Sua programação de exibições e entrevistas mobiliza estrelas e cineastas. Por lá devem passar talentos como a diretora Audrey Diwann – que abriu o Festival de San Sebastián, em setembro, com o remake de “Emmanuelle” – e a diva Isabelle Huppert, que presidiu o júri do Festival de Veneza, em agosto. Das novidades que devem espocar por lá, destacam-se a sci-fi “Chien 51”, de Cédric Jimenez; a biopic em duas partes “De Gaulle”, de Antonin Baudry; a fantasia “Kaamelott: The Second Chapter”, que dá continuação ao recordista homônimo de público de 2020, sobre a Távola Redonda; a chanchada “Les Tuche: God Save the Tuche”, com o Didi Mocó do Velho Mundo, Jean-Paul Rouve; e o thriller “13 Jours 13 Nuits”, de Martin Bourboulon. Tudo isso há de renovar a velha máxima de que cinema (principalmente na França) é a maior diversão.