Rodrigo Fonseca
Já está à venda em livrarias e gibiterias da Europa a versão HQ, ou melhor, BD (bande dessinée) como dizem por lá, de “L’Empereur de Paris”, novo longa-metragem do mestre da ação Jean-François Richet, que anda bombado nas bilheterias de sua pátria natal. Não por acaso, o filme foi um dos maiores destaques do 21º Rendez-vous Avec Le Cinéma Français, evento anual que a Unifrance (instituição que fomenta e promove o cinema francófono) acaba de encarrar na Cidade Luz. Depois de cinco dias de maratona, numa radiografia da produção autoral e comercial de sua indústria audiovisual, o Rendez-vous terminou na segunda, coroando uma leva de longas-metragens como potenciais sucessos. O de Richet foi um dos mais festejados.
Concebido para ser a ofensiva francesa contra os blockbusters de Hollywood, esta superprodução do diretor de “Inimigo público nº1” (2008), baseada nos feitos do criminoso Eugène François Vidocq (1775-1857), fez jus a seu objetivo: graças ao carisma do astro Vincent Cassel, o longa vendeu cerca de 730 mil ingressos em três semanas. Na trama, Vidocq tenta refazer sua vida como comerciante, mas é empurrado de volta ao submundo, mas, desta vez, para debelar os malfeitores. As cenas de ação rodadas por Richet são impressionantes. Os demais sucessos são:
LUKAS, de Julien Leclercq: Jean-Claude Van Damme é o último nome que se esperaria de uma festa de filmes de autor. Mas o desempenho dele neste drama cheio de adrenalina é digno de redimir uma carreira prejudicada por drogas filmes B. O Grande Dragão Branco faz um segurança obrigado a se misturar com o submundo para obter recursos para cuidar de sua filha de 8 anos.
CLÍMAX, de Gaspar Noé: Respeitado no Brasil por “Irreversível”, que chocou plateias em 2002, o cineasta franco-argentino faz uma mistura de terror, filme catástrofe e musical ao narrar os delírios de um grupo de jovens dançarinos, nos anos 1990, em meio a uma orgia de drogas.
AMANDA, de Mikhaël Hers: Filme sensação da mostra Horizontes do Festival de Veneza, em 2018, este drama avassalador mostra a maturidade do jovem ator Vicent Lacoste no papel de um faz-tudo que se vê obrigado a reciclar sua vida após a morte da irmã, para poder cuidar de uma sobrinha carente.
DERNIER AMOUUR, de Benoît Jacquot: O realizador de filmes aclamados como “Adeus, minha rainha” (2012) explora o mito do amante profissional usando a figura de Giacomo Girolamo Casanova numa fase de decadência. Vincent Lindon encarna o sedutor, num exílio forçado em Londres, onde uma garota de programa destrói seu coração.
DILILI À PARIS, de Michel Ocelot: Espécie de antropólogo da animação, o septuagenário realizador de “Kirikou e a feiticeira” (1998) recria a França de 1900, sob a ótica de uma menina negra de uma aldeia do Pacífico Sul que tem a chance de visitar Paris no auge da ebulição artística e científica da vira do século XIX para o século XX. Ela cruza com Marcel Proust, Louis Pasteur e Toulouse-Lautrec nesta viagem construída a partir de uma estética de colagens.