RODRIGO FONSECA
Classificado por algumas vozes de relevo no cinema como o longa-metragem mais importante do século XXI (como disse o diretor Paul Schrader, “Oppenheimer” conquistou o Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama de 2024. Merecido, justo, justíssimo. Christopher Nolan leva para casa um prêmio que faz jus à sua ousadia.
Contrariando uma tendência recente do audiovisual em ignorar produções que seduziram multidões, sem perder a contundência autoral, a cerimônia do Globo de Ouro de 2024 honrou produções que lotaram circuitos preservando a medida de risco inerente a artistas em sintonia com a invenção, como Nolan. O realizador inglês contabilizou quase US$ 1 bilhão com a biografia do criador da bomba atômica (J. Robert Oppenheimer) e a premiação comandada pela Eldridge Industry, a partir de sua subsidiária, a Dick Clark Productions, soube coroar isso com destaque. Deu a ele a láurea de Melhor Direção e salpicou dois de seus astros com troféus: Cillian Murphy ficou com o de Melhor Ator e Robert Downey Jr. recebeu o de Melhor Ator Coadjuvante. Maior fenômeno de bilheteria de 2023, “Barbie”, de Greta Gerwig, recebeu loas e estatuetas: a de Melhor Blockbuster (categoria recém-criada) e a de Melhor Canção.
Mais respeitado animador em atividade hoje, o octogenário Hayao Miyazaki teve sua grife de autor reconhecida com o Globo dado a seu “O Menino e a Garça”, que faz enorme sucesso na venda de ingressos nos EUA. Sua arrecadação beira US$ 140 milhões. Estreia por aqui em março.
De CEP francês, “Anatomia de uma Queda” saiu aos sorrisos do Globo de Ouro. Visto por 1,3 milhão de pagantes na França, sua terra natal, o ganhador da Palma de Ouro de 2023 recebeu o prêmio de Melhor Roteiro e o de Melhor Filme de Língua Não Inglesa. A produção orçada em 6 milhões de euros traz uma trama de tons policiais sobre uma escritora, Sandra Voyter (papel de Sandra Hüller), acusada pela morte do marido e esmagada pela mirada sexista por trás dessa acusação. A narrativa foi escrita por Justine em duo com Arthur Harari. Sob uma ótica investigativa contra o sexismo, Triet renova um filão com um vasto histórico de sucesso popular, sobretudo em telas francesas, onde diretores como André Cayatte (1909-1989), famoso por “Somos Todos Assassinos” (1952) e “O Direito de Matar” (1950), consolidaram as narrativas judiciais como um veio dramatúrgico.
Merecem destaque os prêmios dados ao agridoce “Os Rejeitados”, de Alexander Payne que estreia nesta quinta no Brasil. Destaca-se ainda o comovente discurso da atriz Lily Gladstone ao ressaltar a expressão dos povos indígenas no longa “Assassinos da Lua das Flores”.
Exibido lá fora pela Rede CBS e no Brasil pela TNT, o Globo de Ouro foi apresentado pelo comediante de origem filipina Jo Koy. Daqui a duas semanas, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anuncia suas indicações ao Oscar: dia 23 de janeiro. A entrega das estatuetas será no dia 10 de março.

A PREMIAÇÃO
Melhor Filme (drama): “Oppenheimer”
Melhor Filme (Comédia/ Musical): “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos
Direção: Christopher Nolan (“Oppenheimer”)
Atriz (Drama): Lily Gladstone (“Assassinos da Lua das Flores”)
Ator (Comédia/ Musical): Paul Giamatti (“Os Rejeitados”)
Ator (Drama): Cillian Murphy (“Oppenheimer”)
Ator (Comédia/Musical): Emma Stone (“Pobres Criaturas”)
Roteiro: Justine Triet e Arthur Harari (“Anatomia de uma Queda”)
Atriz Coadjuvante: Da’Vine Joy Randolph (“Os Rejeitados”)
Ator Coadjuvante: Robert Downey Jr. (“Oppenheimer”)
Blockbuster: “Barbie”, de Greta Gerwig
Animação: “O Menino e a Garça”, de Hayao Miyazaki
Filme de Língua Não Inglesa: “Anatomia de uma Queda”, de Justine Triet
Trilha sonora: Ludwig Göransson (“Oppenheimer”)
Canção Original: “What Was I Made For?”, de Billie Eilish e Finneas O’Connell (“Barbie”)
Série (Drama): “Succession”
Série (Comédia/Musical): “O Urso”