Rodrigo Fonseca
Embatucado pelas cenas da I Guerra Mundial desencavadas por Peter Jackson na aula de arquivística e narrativa documental “They shall not grow old”, uma revisão de registros inéditos do conflito de 1914-1918, em exibição no cardápio de linhas aéreas do Velho Mundo, o Lab Pop precisava rir e escolheu, do circuito exibidor da Côte d’Azur, uma joia francesa que anda enchendo os cofres das salas de rua de Nice de dinheiro – sem contar as de Paris. Foi um acerto ter aportado na dramédia “Nous finirons ensemble”, novo trabalho do astro Guillaume Canet como realizador. Em apenas sete dias, após sua estreia, dia 1º de maio, ele contabilizou 1,2 milhão de pagantes na França. Em cartaz no Brasil com a deliciosa comédia “Vidas duplas”, ele dirige desde 1996. Em 2010, rodou o ótimo “Les petits mouchoirs”, que vendeu 5 milhões de ingressos mostrando o reencontro de um grupo de doidões após a morte de um amigo em comum. Seu novo trabalho é uma continuação desse sucesso, que pode se tornar o recorde de bilheteria do ano para o cinemão francês. Seu maior rival é a comédia motivacional “Hors norme”, de Éric Toledano e Olivier Nakache (dupla que vendeu 20 milhões de ingressos com “Intocáveis”, em 2011), o filme de encerramento do Festival de Cannes.72, que começa nesta terça-feira. Nela, Reda Kateb e Vincent Cassel vivem um par de professores especializados na inclusão de alunos com autismo. Mas essa estreia comercial fica pro segundo semestre. Até lá, Canet tem tempo de brilhar.
“As pessoas perderam o dom da escuta, do diálogo, na pressa do dia a dia. Por isso, gosto de estar em filmes que buscam a essência da palavra e dos sentimentos por trás delas”, disse Canet em Veneza, em setembro, quando finalizava “Nous finirons ensemble”.
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Nele, titãs europeus como Marion Cotillard (parceira de vida e de trabalho de Canet), Gilles Lelouche, Benoît Magimel e Laurent Lafitte revivem um grupo de amigos que se reencontram no aniversário de 60 anos do reticente Max (François Cluzet). O riso corre solto, em situações constrangedoras para os personagens, embalados numa trilha de hits dos anos 1970.