Rodrigo Fonseca
Entre as 18 atrações do Festival Varilux 2019, que ocupa 80 cidades brasileiras até 19 de junho, há um ensaio sobre alienação e violência no Facebook e outras mídias de relacionamento que veio da Berlinale coberta de elogios do público e da crítica, tendo Juliette Binoche como sua protagonista: “Quem você pensa que eu sou” (“Celle que vous croyez”). Tem sessão desta delicada produção dirigida pelo cineasta de origem argelina e germânica Safy Nebbou nesta terça-feira no Rio de Janeiro, às 18h50, no Cine Odeon, com repeteco nesta quarta-feira, às 21h15, no Cinesystem Américas; às 20h45, no Estação Ipanema; e às 13h50, no Cinemark Downtown. Aos 55 anos, prestes a voltar às telas no drama “The truth”, do japonês Hirokazu Koreeda, Juliette conferiu a primeira projeção mundial do longa de Nebbou em paralelo a seus compromissos como presidenta do júri do 69º Festival de Berlim. Na capital alemã, a atriz francesa teve um corpo a corpo com a imprensa estrangeira não para especular sobre possíveis troféus, mas para debater os riscos da intolerância nas redes sociais ao defender o longa-metragem de Safy, que passou por lá fora da briga por troféus. Sua protagonista é Claire, uma professora de 50 anos vivida por La Binoche. Ela assume um perfil falso no Face para travar relação com um rapaz mais jovem, que é assistente de seu namorado. Mas essan identidade fake acaba levando a vida de Claire para uma situação de risco afetivo.
“Esse roteiro me trouxe uma vertigem emocional muito forte pela maneira como fala do exercício do desejo hoje”, disse Juliette, ao Laboratório Pop durante a Berlinale. “Qualquer gesto de humanismo hoje é um gesto político. Se a nossa decisão por política, será pelas vias da humanidade”.
No longa de Nebbou, sua personagem, Claire, passa por uma reeducação sentimental a partir dos códigos da cultura midiática da internet. “Há algo na minha forma de atuar que enxergo como um momento de excitação máxima: o silêncio. Estar em silêncio em cena é onde eu me conecto com as sensações da história que preciso ajudar a contar”, diz Juliette, laureada com o Oscar, em 1997, por “O paciente inglês”.