Cinema

NYFF 2015: O Jobs mauzinho, por Danny Boyle

Por Laboratório Pop

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Myrna Silveira Brandão, de Nova York

 

A imagem pública de Steve Jobs sempre foi dividida entre sua genialidade e personalidade forte e autoritária. No entanto, nem todas as biografias e filmes sobre ele procuram levar isso em conta, como foi o caso, por exemplo, de “Jobs” (2013), de Joshua Michael Stern, com Ashton Kutcher vivendo o papel principal. “Steve Jobs”, de Danny Boyle, ao contrário, é bem diferente do filme de Stern e vai fundo na dualidade do personagem: seu enorme talento e sua dificuldade de convivência com os que o cercaram, principalmente com sua filha Lisa, cuja paternidade inicialmente ele não quis assumir. A prévia para a imprensa neste sábado (03.10), poucas horas antes da première na 53ª edição do Festival de Nova York, foi bastante concorrida. Tanto Boyle quanto o personagem despertam grande interesse aqui. Steve Jobs tem previsão de estreia no Brasil em janeiro de 2016 e já está sendo cotado como um dos candidatos ao Oscar.

 

“Steve Jobs” foi selecionado para o evento com o status de “Centerpiece”, destaque do festival para um título que prima pela inovação e criatividade.

 

A partir da biografia escrita por Walter Isaacson, Boyle e o roteirista Aaron Sorkin juntaram seus esforços para contar a vida e carreira desse já quase lendário ícone do Vale do Silício e fundador da Apple.

 

Liderado por Michael Fassbender, que faz o papel-título, o elenco traz um elenco de peso: Kate Winslet (Joanna Hoffman), Seth Rogen (Steve Wozniak), Jeff Daniels (John Sculley), entre outros. Lisa é interpretada por Makenzie Moss quando criança e por Perla Haney Jardine já adolescente.

 

A história é narrada em três eixos: o momento em que Jobs se prepara para lançar o primeiro Macintosh, a criação da empresa Next e o iMac.

 

A trama segue o perfil de Jobs, as mudanças e circunstâncias da indústria do computador caseiro e a ascensão da marca e dos produtos.

 

Kent Jones, diretor do NYFF, não poupou elogios, ao iniciar a mediação da coletiva após a projeção.

 

“Ao ouvirmos que uma biografia de Jobs está sendo produzida, surgem naturalmente vários filmes possíveis na nossa cabeça. Mas este é surpreendente, dramaticamente concentrado e expressa o entusiasmo com que os atores viveram os personagens”, ressaltou.

 

Ao manifestar sua satisfação por ter sido selecionado como “Centerpiece” do festival neste ano, Boyle disse que procurou ser fiel à figura polêmica sem deixar de retratar sua incrível genialidade.

 

“Para isso usei três formatos na história e, para marcá-los bem, mudei até a forma como Jobs se vestia no tempo de cada um deles”, declarou o diretor, reconhecendo a extraordinária ajuda que teve do povo de São Francisco – uma das locações do filme – durante as filmagens, principalmente nas cenas que envolvem multidões.

 

Fassbender salientou que Steve Jobs é aquela espécie de pessoa brilhante e controversa que Shakespeare certamente teria adorado escrever sobre ela.

 

“Estou honrado, emocionado e também aterrorizado”, brincou o ator, acrescentando que interpretar Steve Jobs foi uma experiência totalmente diferente para ele.

 

“Até porque não sou muito interessado em tecnologia e na verdade nem domino bem a área. Mas pesquisei bastante, procurei ler sobre ele, assisti a muitas reportagens. Steve Jobs foi uma pessoa contraditória e difícil, mas que praticamente criou a nossa era digital”, declarou com o apoio de Rogen. “Acho que Steve foi de fato uma espécie de lâmpada que trouxe luz a muitos locais que estavam no escuro”, destacou o ator que, para viver o papel, teve muitos encontros com o verdadeiro Wozniak, um dos fundadores da Apple.

 

Winslet, que proporcionou os momentos mais divertidos da coletiva – muitas vezes complementando a fala do grupo – brincou que desmaiou várias vezes para viver Joanna, a competente assistente de Steve Jobs.

 

“Mas foi uma emoção o tempo todo, foi realmente um dos papéis mais excitantes de minha carreira até hoje”, completou a atriz.