Rodrigo Fonseca
Enfim o circuito brasileiro vai conferir uma das mais sombrias história da páginas policiais da Argentina, história essa que transcende as conexões políticas do jugo militar: “El Ángel” estreia aqui em 18 de abril. Dirigido por Luiz Ortega, “O Anjo” é um thriller que foi comparado a “Cidade de Deus” (2002) em sua passagem por Cannes, pela reconstituição dos feitos de um temido bandido dos anos 1970.
“Se a gente fosse feliz por aqui, diante das crises políticas que temos, não faríamos o cinema que fazemos hoje”, disse Ortega ao LabPop em Cannes.
Seu longa é centrado nos crimes do Anjo, ou melhor de Carlos Eduardo Robledo Puch, adolescente que entre 1971 e 72 acumulou dezenas de roubos e um punhado de assassinatos, em nome do prazer e não da necessidade. É um tipo contrário do que se vê em “Animal”, longa que atualmente lota salas de exibição na capital argentina com um enredo digno de “Breaking bad”: Francella vive um gerente de frigorífico que joga seus valores no lixo à cata de um doador que lhe possa garantir um transplante renal. Até em armas ele vai pegar por isso.
“Esse novo cinema que temos feito é uma reação à comodidade, à apatia moral dos novos tempos”, diz Ortega.