Rodrigo Fonseca
Se a Globo cumprir com o anúncio feito em suas redes sociais (e, em geral, ela cumpre), nesta madrugada teremos “O Exterminador do Futuro” na TV aberta numa tardia (mas, ainda bem-vinda) celebração dos 40 anos desse clássico sci-fi, lançado em 26 de outubro de 1984 nos EUA. A transmissão será à 1h45, depois do “Domingo Maior”, que exibe “Vingança a Sangue Frio” (“Cold Pursuit”, 2019), com Liam Neeson. O cineasta por trás de “Terminator”, o artesão autoral canadense James Francis Cameron, completou 70 anos em agosto e é tema de uma exposição na Cinemateca Francesa, em Paris, que segue até 5 de janeiro. As salas da instituição foram decoradas em referência a seu legado, abordado a partir de seis temas principais: “Sonhando com os olhos bem abertos”; “A máquina humana”; “Explorando o desconhecido”; “Titanic: De volta no tempo”; “Criaturas: Humanos e alienígenas”; e “Mundos indomáveis”. As duas últimas alas dessa biografia através da arte fazem explícita referência à franquia “Avatar” (2009-2022), que pode ser conferida no Disney +.
Sinônimo de milhões e também de projetos engajados em causas ambientais, Cameron esteve no Brasil em 2010, visitando Belo Monte, no Pará, a fim de poder estudar os riscos de sua usina hidrelétrica para o ecossistema. “Avatar” foi idealizado pelo cineasta como um tratado de preservação da Terra, a partir do cuidado com a Natureza. Ele traz uma reflexão sobre o nosso amanhã desde que lançou o primeiro “Exterminador…”, apostando numa distopia apocalíptica. Em sua confecção, ele acreditou que um halterofilista conhecido nas telas por interpretar o herói de pulps Conan o Bárbaro, pudesse virar um dos mais icônicos personagens do cinema de gênero pop. Foi ideia dele e de sua parceria, a produtora Gale Anne Hurd, convocar o ator austríaco naturalizado americano Arnold Schwarzenegger para encarnar o androide egresso de 2029. Deu certo. “Ali, emplacamos um filme de baixo orçamento (cerca de US$ 6,4 milhões), que aconteceu moderadamente, mas fez forte boca a boca pela originalidade, abrindo espaço para uma sequência na qual eu pude ousar mais”, disse Cameron ao Correio da Manhã, em Berlim, lembrando que voltou a filmar com o amigo da Áustria em “True Lies”, sucesso de 1994 que hoje comemora 30 anos.

Schwarzenegger chegou a ser cotado para viver o Dr. Octopus na versão nunca filmada de “Homem-Aranha” que Cameron idealizou em 1992. Falava-se de Leonardo DiCaprio para o papel de Peter Parker e até do hoje sumido Edward Furlong, que viveu John Connor em “O Exterminador do Futuro 2” (1991), mas esse projeto nunca saiu. Cameron deixou “True Lies” diretamente pra filmar “Titanic”, cujo atraso na produção fez com que ele abrisse mão de seu cachê como diretor para compensar o estúdio pelos problemas que trouxe.
“A saga do ‘Exterminador’ é o documento de uma época”, disse Cameron na Berlinale de 2017.
Laureado com o Grande Prêmio no Festival de Avoriaz, na França, em 1985, “O Exterminador do Futuro” faturou cerca de US$ 78 milhões nas bilheterias. Disfarçado de humano, o assassino robótico conhecido como o Exterminador (Schwarzenegger, dublado originalmente por Jorgeh Ramos e redublado por Cassius Romero) viaja ao passado, de 2029 a 1984, para matar a jovem Sarah Connor (Linda Hamilton). O motivo: ela será a mãe do líder da resistência contra as IAs que controlam a Terra. A fim de proteger Sarah, os rebeldes enviam o guerreiro Kyle Reese (papel de Michael Biehn), que divulga a chegada do Skynet, sistema de inteligência maquínico responsável por detonar um holocausto nuclear. A caçada do Exterminador é estruturada por Cameron em perseguições alucinantes. A trilha sonora é de Brad Fiedel.