Cinema

Sundance: escola asiática de cinema vence 2020

Por Laboratório Pop

Myrna Silveira Brandão

O drama “Minari”, de Lee Isaac Chung, foi o grande vencedor deste ano do Sundance Festival, ganhando ao mesmo tempo o Grande Prêmio do Júri – principal do festival – e o troféu da audiência. O filme segue um menino coreano-americano de 7 anos, cuja vida muda completamente quando seu pai decide mudar sua família para a zona rural do Arkansas.
A história é baseada na própria vida do diretor e coincide com o sucesso recente de cineastas asiáticos nos EUA cujo melhor exemplo é o premiadíssimo “Parasita”, de Bong Joon-ho, também candidato a vários prêmios do Oscar.

O Grande Prêmio do Júri para melhor documentário americano foi para “Boys State”, de Jesse Moss e Amanda McBaine.
“Crip Camp”, de Nicole Newnham e Jim Lebrecht – que ganhou o prêmio de audiência – foi produzido pela Higher Ground Productions, do casal Barack e Michelle Obama.

O Grande Prêmio do Júri para Cinema Mundial ficou com o iraniano “Yalda, a Night for Forgiveness”, de Massoud Bakhshi.

Esta foi também a última edição de John Cooper como diretor do Festival após 11 anos. O próximo Sundance já será dirigido por Tabitha Jackson, conforme anunciado.Cooper se despede deixando um saldo de grandes realizações no festival, que certamente contribuíram para mantê-lo como o festival do cinema independente mais importante do mundo, feito reconhecido por Robert Redford, criador do Sundance.

Na noite de abertura no palco do Eccles – maior cinema da cidade e literalmente lotado – antes da estreia de “Crip Camp”, de Nicole Newnham e Jom LeBrecht, um dos filmes de abertura – Redford, criador do Sundance, exaltou fortemente a brilhante gestão de Cooper.

“Não há elogios ou admiração suficientes que possamos dar a Cooper, disse Redford, acrescentando que em algum momento o festival se tornou dele.

O Sundance deste ano termina com um saldo de ótimos títulos, que continuam a atrair compradores de porte como a Sony Pictures Classics, que adquiriu “Eu carrego você comigo”.

E também quebrou vários recordes, desde a diversidade em sua programação até as vendas.
Num esforço significativo de representação e inclusão apostou em novas vozes e privilegiou a diversidade. Dos diretores, 47% foram mulheres, 5% membros da comunidade LGBTQ e 53% pessoas de cor.

A programação trouxe uma série de documentários e narrativas atuais e criativas, divulgando novas vozes e confirmando o talento de diretores já conhecidos.

A Netflix foi a distribuidora que mais se destacou no festival, incluindo o documentário “Miss Americana”, da diretora Lana Wilson.

Muitos outros títulos foram objeto de disputa, como “Shirley”, um psicodrama de Josephine Decker, estrelando Elisabeth Moss e Michael Stuhlbarg como intérpretes da autora Shirley Jackson e seu marido.

Não houve títulos brasileiros nas competições. A ligação com o Brasil se deu com Wagner Moura vivendo o protagonista no filme “Sérgio”, de Greg Barker, um drama sobre as consequências da invasão do Iraque pelos EUA. O filme é a história real do brasileiro Sérgio Vieira de Mello (1948-2003), então diplomata da ONU, que foi vítima de um ataque terrorista em Bagdá na sede local da instituição. Barker já tinha realizado o documentário “Sérgio”, em 2009, sobre ele, que foi lançado no Sundance naquele ano.

Veja os premiados desta edição:

Grande Prêmio do Júri – dramático – “Minari”, de Lee Isaac Chung
Grande Prêmio do Júri – documentário – “Boys State”, de Jesse Moss e Amanda McBaine
Diretor de dramático americano – Radha Blank por “The 40-Year-Old Version”
Diretor de documentário americano – Garrett Bradly por “Time”
Roteiro – Prêmio Waldo Salt – Edson Oda por “Nine Days”
Prêmio especial do júri para Neorealismo: Eliza Hittman por “Never Rarely Sometimes Always”
Prêmio especial do júri de Autor – dramático – Josephine Decker por “Shirley”
Prêmio especial do júri por elenco – “Charm City Kids”
Prêmio especial do júri para edição de documentário americano – Tyler H. Walk por “Welcome to Chechnya”
Prêmio especial do júri para inovação em Documentário – Kirsten Johnson por “Dick Johnson is Dead”
Prêmio especial do júri para impacto social – Elyse Steinberg, Josh kriegman e Eli Despres por “The Fight”
Prêmio de audiência para dramático americano – “Minari”, de Lee Isaac Chung
Prêmio de audiência para documentário americano – “Crip Camp”
Prêmio de audiência para Cinema Mundial – “Identifying Features”
Prêmio de audiência para Documentário Mundial – “The Reason I Jump”
Grande prêmio do júri para Cinema Mundial – “Yalda, a Night for Forgiveness”, de Massoud Bakhshi
Prêmio especial do júri para cineasta emergente – Arthur Jones por “Feels Good Man”
Diretor para Cinema Mundial Dramático – Maïmouna Doucouré por “Cuties”
Prêmio especial do Júri de roteiro para Cinema Mundial – Fernanda Valadez e Astrid Rondero para “Identifying Features”
Prêmio especial do Júri para diretor visionário – Cinema Mundial – Lemohang Jeremiah Mosese em “This Nota a Burial, it”s a Ressurection”
Prêmio especial do júri para ator em Cinema Mundial – Ben Whishaw em “Surge”
Grande prêmio do júri para Cinema Mundial – Hubert Sauper por “Epicentro”
Prêmio de direção para Documentário Mundial – Iryna Tsilwyk em “The Earth is Blue as na Orange”
Prêmio especial do júri para Documentário Mundial por criatividade – “The Painter and the Thief”, de Benjamin Ree
Prêmio especial do júri para fotografia em Documentário Mundial – “Acasa, My Home”, de Mircea Topoleanu e Radu Ciorniciuc
Prêmio especial do júri para edição de Documentário Mundial – “Softie”, de Mila Aung-Thwin, Sam Soko e Ryan Mullins
Prêmio de inovação para NEXT – “I carry you with me”, de Heidi Ewing
Prêmio de audiência para NEXT – “I carry you with me”, de Heidi Ewing
Grande Prêmio do Júri para curta-metragem – “So what if the Goats Die”, de Sofia Alaoui
Prêmio de Produção – Huriyyah Muhammad por “Farewell Amor”
Prêmio Alfred P. Sloan primeiro filme – Tesla