Quase um ano e meio depois de sua primeira projeção internacional, em agosto de 2023 no Festival de Locarno, o sanguinolento thriller Topakk (a ser lançado mundialmente como Triggered) enfim ganhou espaço em sua terra natal, as Filipinas, em pleno Natal. O Metro Manila Film Festival acolhe hoje o espetáculo bestial (à moda gore) de tripas esparramadas e crânios esmagados dirigido por Richard V. Somes.
Conhecido (e cultuado na Ásia e na Europa) por Cry No Fear e We Will Die Tonight (ambos de 2018), o diretor é um artesão autoral do mais alto quilate quando se pensa em títulos de pancadaria. A descrição do que ele vai exibir em seu país de berço pode parecer indigesta, mas o filme não o é.
Sua dramaturgia aponta um novo caminho para o gênero “cinema de ação”, com um pé fincado na estética de Hong Kong (vide Fervura Máxima) e outro na linhagem John Wick. Capaz de evocar os filmes de Van Damme da década de 1990, a produção filipina acompanha a reestruturação profissional do sargento Miguel (Arjo Atayde), sobrevivente de um massacre de suas tropas num combate com hordas dissidentes, na selva.
De volta ao asfalto, o soldado se torna segurança e se vê obrigado a domar seus fantasmas ao enfrentar policias corruptos e uma gangue de traficantes que tentam matar uma mulher e o irmão dela. Ex-marinheiro, Somes tem uma produção inédita, Best Served Cold, para lançar em 2025. Quem sabe a Berlinale .75 (agendada de 13 a 23 de fevereiro) não lhe dá espaço. Seu dinamismo na condução dos planos dá inveja a qualquer bamba do action movie americano.