Rodrigo Fonseca
Vazou na imprensa o filme de abertura da 72ª do Festival de Cannes (14 a 25 de maio), já confirmado em posicionamento oficial do evento: “The dead don’t die”, de Jim Jarmusch, vai inaugurar a programação cinematográfica da Croisette em 2019, dando a largada para a disputa pela Palma de Ouro. A “Variety”, Bíblia do entretenimento na imprensa cinéfila, afirmou categoricamente a escolha do filme de zumbis do realizador de “Flores partidas” (2005), oferecendo ao time de jurados presidido pelo diretor mexicano Alejandro González Iñarritu (“Birdman”) doses de terrir. Não é todo dia que se vê Iggy Pop representando uma carniça com fome de gente. Na trama, Chloe Sevigny, Adam Driver e Bill Murray representam a força policial de Centerville, uma cidadezinha tomada por mortos que resolveram sair de suas tumbas. Ano passado, a “Variety” também antecipou o título que abriu os trabalhos cinematográficos na Croisette: o melodrama espanhol “Todos já sabem”, dirigido pelo iraniano Asghar Farhadi (cotadíssimo para o júri), hoje em cartaz no Brasil.


Selena Gomez, Steve Buscemi, Rosie Perez, Danny Glover, Tilda Swinton, Tom Waits e Caleb Landry Jones integram o elenco do longa, que estreia na França no mesmo dia de sua apresentação em Cannes. Nos EUA, ele estreia no mês seguinte. “Eu não busco, conscientemente, estabelecer um paralelo entre meus filmes, mas é nítido neles a recorrência de personagens que tentam afirmar seu jeitão peculiar de levar à vida, avessos às convenções”, disse Jarmusch ao Lab Pop, em 2016, quando passou por Cannes com o aclamado “Paterson”, também com A. Driver no elenco. “Ele encarna bem esse herói alheio às peripécias do Real”.
No dia 18 de abril serão anunciados os concorrentes à Palma dourada, mas dois títulos já são dados como presenças obrigatórias na disputa deste ano: “Dolor y Glória”, de Pedro Almodóvar, e “A hidden life”, de Terrence Malick. Fala-se muito ainda no musical “Rocketman”, de Dexter Fletcher, no drama étnico “As filhas do fogo”, de Pedro Costa, e no romance “Les plus belles années d’une vie”, de Claude Lelouch, terceiro tomo de um ciclo iniciado com “Um homem, uma mulher”, em 1966.
Cogita-se ainda a presença de “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e de “A vida invisível”, de Karim Aïnouz, na seleção oficial. No dia 23 de abril, a Quinzena dos Realizadores anuncia suas atrações: seu filme de abertura será “Deerskin”, de Quentin Dupieux, com Jean Dujardin, e seu homenageado vai ser o mestre do terror John Carpenter, realizador de “Halloween” (1978) e outros cults. A Semana da Crítica terá o colombiano Ciro Guerra como presidente do júri.