Acenda um incenso e aperte o play. Mahal (2024), da banda australiana Glass Beams, é uma imersão hipnótica na fusão entre psicodelia, jazz e influências da música indiana – leia-se especialmente Ravi Shankar.
É legal de ver o trio expandindo a estética já apresentada em seu EP de estreia e mantendo sua assinatura sonora etérea e enigmática. Agora, porém, com uma produção mais refinada e camadas sonoras ainda mais envolventes.
Desde a faixa-título, “Mahal”, percebe-se o caráter meditativo do álbum. Guitarras flutuantes, sintetizadores sutis e percussão minimalista se combinam para criar um clima que parece pairar no tempo.
Essa abordagem se estende por todo o disco, com faixas como “Sonic Owl” e “Taurus” explorando padrões repetitivos e grooves que evocam um estado de transe. Transe?
Sim, de alguma forma, o disco é uma ferramenta e tanto para fugir da realidade caótica na qual vivemos. E isso tem um valor inominável.
Os indianos, mestres em utilizar frequências para induzir inúmeros estados da mente, fazem isso há tempos. E o Glass Beams vai buscar exatamente essas influências não apenas na instrumentação, mas também na estrutura melódica, que frequentemente utiliza escalas exóticas e um senso de progressão circular.
Aqui tudo é muito calmo e profundo. Não espere dinâmicas variadas porque a repetição faz parte do negócio. E a alma dele está no uso de texturas sutis, grooves envolventes e referências culturais diversas.
Definitivamente, o Glass Beams nos embala com uma das propostas mais interessantes da música instrumental contemporânea.