Laureado duas vezes com o Urso de Ouro (por Central do Brasil, em 1998, e por Tropa de Elite, em 2008), o cinema brasileiro volta à disputa pelo prêmio na 75ª edição do Berlinale (festival alemão de 13 a 23 de fevereiro), com O Último Azul, do pernambucano Gabriel Mascaro.
Denise Weinberg e Rodrigo Santoro estrelam o longa, uma distopia na Amazônia. No roteiro, o governo brasileiro passa a transferir idosos para uma colônia habitacional para “desfrutarem” seus últimos anos de vida em isolamento. Antes de seu exílio compulsório, Tereza, de 77 anos (papel de Denise), embarca numa jornada fluvial a fim de realizar seu último desejo.
Mascaro despontou internacionalmente ao ser premiado no Festival de Veneza, há uma década, com Boi Neon (2015). Passou por Berlim antes, na mostra Panorama, em 2019, com Divino Amor.
Há mais brasileiros no Berlinale
A nossa presença em Berlim estende-se com a participação dos filmes Hora do Recreio, de Lucia Murat; A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo; Ato Noturno, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon; Zizi (Ou Oração Da Jaca Fabulosa), de Felipe M. Bragança; Cartas do Absurdo, de Gabraz Sanna; Arame Farpado, de Gustavo de Carvalho; Entardecer En América, de Matías Rojas Valencia; e Anba dlo, de Luiza Calagian e Rosa Caldeira.
Passa lá ainda uma prévia da série De Menor, de Caru Alves de Souza. Cult dos anos 1970, a coprodução germânica Iracema, Uma Transa Amazônica (1975), com Paulo César Peréio (1940-2024) na estrada, sob a direção de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, terá sua cópia restaurada exibida no festival, na seção Forum Expanded.
Na cena hors-concours, a paulista Anna Muylaert volta à Berlinale, dez anos depois de ter exibido Que Horas Ela Volta (2015) por lá, para lançar A Melhor Mãe Do Mundo em solo alemão.
Com ecos de A Vida É Bela (1998), a trama é protagonizada por Gal (Shirley Cruz), uma catadora de materiais recicláveis que luta para escapar da violência do marido Leandro, (Seu Jorge). No empenho para fugir dele, ela coloca seus filhos pequenos em sua carroça e atravessa a cidade de São Paulo. Pelo caminho, enfrenta os perigos das ruas enquanto tenta convencer as crianças, Rihanna e Benin, de que estão vivendo uma aventura em família.
Os concorrentes ao Urso de Ouro
Ari, de Léonor Serraille
Blue Moon, de Richard Linklater (EUA)
La Cache, de Lionel Baier (Suíça)
Dreams, de Michel Franco (México)
Dreams (Sex Love), de Dag Johan Haugerud (Noruega)
What Does that Nature Say to You, de Hong Sangsoo (Coreia do Sul)
Hot Milk, de Rebecca Lenkiewicz (Reino Unido)
If I Had Legs I’d Kick You, de Mary Bronstein (EUA)
Kontinental ’25, de Radu Jude (Romênia)
El Mensaje, de Iván Fund (Argentina)
Mother’s Baby, de Johanna Moder (Áustria)
Reflet Dans Un Diamant Mort, de Hélène Cattet e Bruno Forzani (Bélgica)
Living the Land, de Huo Meng (China)
Timestamp, de Kateryna Gornostai (Ucrânia)
La Tour de Glace, de Lucile Hadžihalilović (França)
O Último Azul, de Gabriel Mascaro (Brasil)
What Marielle Knows, de Frédéric Hambalek (Alemanha)
Girls on Wire, de Vivian Qu (China)
Yunan, de Ameer Fakher Eldin (Alemanha)