Texto por: Luciano Vianna

Pare tudo o que você está fazendo e vá assistir “Meet me in the bathroom”. Não tem desculpa, tem grátis, com legenda em português no Stremio. Volte daqui a quase duas horas e leia o resto…

Pronto, “Meet me in the bathroom” é o filme da nossa geração, de quando a música ainda importava, de quando líamos a NME, Uncut, Mojo, Melody Maker para saber da nova maior banda do mundo da última semana. No começo do século, Nova York fabricou diversas dessas bandas, surgidas de repente como um furacão que tomou conta do mundo. Moldy Peaches, Yeah Yeah Yeahs, Liars, The Rapture, LCD Soundsystem, Interpol e os pais de todos, os onipresentes The Strokes. Ela mostra os últimos suspiros de NY enquanto cidade relevante culturalmente, com o meatpacking district e o Lower East Side bombando, o começo do Brooklin como área cool, as casas de show como Mercury Lounge, CBGB, Arlene´s Grocery, Hammershmith Ballroom, Bowery, entre tantas outras que morreram com o fim da relevância novaiorquina, hoje transformada apenas em lar de incontáveis hordas de hipsters e GenZs culturalmente falidos.

Foto reprodução

Co-dirigido pela dupla Will Lovelace e Dylan Southern, o filme usa e abusa de imagens de arquivo para mostrar uma NY pré e pós 9/11, mostrando a cena que estava surgindo na época, totalmente “Faça você Mesmo”, sem apoio de corporações, revistas, gravadoras. As bandas tocavam nos mesmos lugares, mas muitas dividiam apenas os palcos e não a amizade, mas em comum todas tiveram as mesmas dificuldades para aparecer e as brigas de ego que o sucesso acabou trazendo. Girando, como não poderia deixar de ser, no estrondoso acontecimento que foi o aparecimento do The Strokes, o filme conta a história desse período romântico, que eu cheguei a pegar quando fui para a cidade para cobrir o lançamento do segundo disco do Strokes, Room on Fire e peguei shows ainda pequenos de bandas surgidas na época, como Ima Robot, Interpol, Elefant, The Rapture, Fever em casas como o Roseland, CBGB e o Mercury Lounge e pude conferir de perto esse frenesi que a cidade nunca mais conseguiu repetir.

Crédito: Luciano Vianna

Na verdade, esse é o principal ponto do filme. Mostrar uma época inocente, quando a música era feita por músicos que só queriam saber de tocar em algum lugar, expressar sua arte, sem se preocupar com gravadoras, marketing, streamings, vendas, etc… Era uma época pré-Napster onde tudo era muito mais local e divertido, uma sensação realmente de clubinho, de pertencimento a um lugar. Hoje com a facilidade da Internet, com tudo na ponta dos dedos dê um toque no celular, todos somos cidadãos do mundo, mas não pertencemos a nenhum lugar.

Confira aqui a playist que fiz para lembrarmos da última época legal da música no século XX.

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