“Perdedores brilhantes só poderiam ser britânicos”. O título da coluna da Melanie Phillips, no jornal inglês The Times, diz muito sobre a série Slow Horses (Apple TV+), na empolgante 4ª temporada.
A obra aclamada por crítica e público (a avaliação no Rotten Tomatos é 100% positiva) deve muito do seu sucesso a um nome: Gary Oldman. Não houve nada melhor na TV do que a performance do ator, em 2024.
Na pele do investigador Jackson Lamb, ele é o sarcarmo inglês em carne e osso, numa das melhores atuações da sua carreira – outra onda, porém comparável a interpretação de Winston Churchill, em Darkest Hour, que lhe rendeu o Oscars em 2018.
Lamb é o líder rabugento da Slough House, a divisão deteriorada do MI5 onde os agentes desacreditados são relegados. Ali, ele acrescenta humor ácido a uma personalidade rude (com momentos de grande humanidade) embarcada numa figura desleixada, cujo cheiro da roupa suja e desgrenhada, assim como dos cabelos ensebados, parecem exalar tela afora.
Fato é que o personagem é extremamente bem construído, com falas sempre mordazes, recheada de humor negro que dá graça, sem fazer graça. Isto é, Oldman dá o tom certo para Lamb que, em mãos erradas, se transformaria num clown. Ele é preciso em todas as situações, do suspense ao drama, passando pelas cenas de ação.
O repertório de Lamb é amplo e complexo, o que o torna único. O The Guardian diz que ele é um dos tipos mais memoráveis da televisão recente. E descreve a performance de Oldman como “silenciosamente bela”. Isso porque ela é sutil, mas faz Lamb preencher completamente cada cena em que aparece.
Slow Horses é baseada nos romances Slough House. de Mick Herron. Com roteiro afiado e trama envolvente, num dos melhores thrillers de espionagem contemporâneos.
Numa decisão rara, a Apple decidiu não aguardar a repercussão da 5ª temporada que vem aí, para renovar os contratos da série e já colocar a 6ª temporada em produção. Jackson Lamb, de Gary Oldman, continua sendo a grande atração.
