ROBERT HALFOUN

Paul Simon está sentado na sua sala. Aos 81 anos, a voz dele está cansada, porém doce como sempre. As mãos continuam ágeis e dedilham o seu violão com cordas de aço quase fazendo o soar como uma harpa. É lindo. “Seven psalms”, lançado sem alarde há quatro dias, é uma pepita de ouro.

 

Tem pouco mais de 33 minutos com sete músicas emendadas nas seguintes, como se fossem uma coisa só. O talento, claro, é o mesmo de sempre e o gênio genial que tanto mexeu na história da música americana assim como nos nossos corações anda afiadíssimo. Paul Simon está sentado na sua sala. E canta baixinho, voz e violão, baladas que partem da sua velha e boa influência do Mississipi e vão além. Elas seguem por um caminho incidental fascinante que, quando ouvimos, não temos a mais remota ideia de onde vão parar. Não importa, pode deixar se levar.

Paul Simon canta e toca sem cessar. Emenda uma canção na outra, a vibe delas é a mesma. Tranquila, profunda, envolvente. Se a noite cair, não acenda a luz, ele está metido numa aura única, rara. Pode atrapalhá-lo. E a viagem que fazemos com ele também. O conjunto revela uma sutileza e uma beleza comoventes. Paul Simon está inspiradíssimo e diz que as canções vieram de uma só vez, num sonho.

Enfim, elas são claramente a conclusão de uma obra brilhante. Ao ouvi-las, entendemos, de onde elas vêm, numa celebração de tudo o que o velho Paul fez até aqui. Paul Simon está sentado na sua sala. E, provavelmente, vai levantar-se para buscar mais uma série de prêmios para a sua vasta coleção.

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