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“Você tem medo de quê?”, pergunta o Franz Ferdinand

Não importa, o que vale é como você lida com ele, responde em novo álbum

por Robert Halfoun

Alex Kapranos, cantor, guitarrista e líder do FF, declarou recentemente ao site francês Pure Charts, em entrevista sobre recém-lançado The Human Fear: “Sentir medo é algo universal. Todos nós temos medos em nossas vidas. E alguns dos medos sobre os quais falamos no álbum são coisas que vivemos. Seja o medo de deixar uma instituição, de se comprometer em um relacionamento ou de romper esse relacionamento, o medo do outro… São medos constantes, mas o que é pessoal é a maneira como reagimos a eles. Isso é o que muitas músicas abordam, e eu acho fascinante, porque permite descobrir quem somos.”

O baixista Bob Hardy completa: “Se você constrói uma vida sem medo, onde nunca se coloca em uma situação desconfortável ou angustiante, é como não viver plenamente. É importante abrir-se para situações em que você vai sentir medo.”

 

The Human Fear marca a primeira gravação em estúdio com a nova formação da banda, incluindo a baterista Audrey Tait, o guitarrista Dino Bardot e o tecladista Julian Corrie. Kapranos diz que, embora a essência sonora do Franz Ferdinand permaneça intacta, eles buscaram evoluir e crescer com essa nova dinâmica, explorando novos territórios musicais e equilibrando faixas dançantes com músicas mais introspectivas. Os novos integrantes trouxeram uma lufada de ar fresco para a banda. “É um pouco como o Fleetwood Mac. No início, era uma banda de blues com uma identidade muito marcada. Já era um grupo fantástico, mas as garotas chegaram e eles fizeram Rumours… Tenho a impressão de que The Human Fear é um pouco o nosso Rumours.”

Porque o disco demorou tanto para sair? Afinal, foram quase sete anos desde Always Ascending. A resposta vem com pandemia e o best of Hits To The Head, entre os dois álbuns. E uma reflexão interessante sobre coletâneas feitas com honestidade: “Quando você monta uma compilação, entende melhor a essência do grupo, e isso influenciou o novo álbum. Além disso, nos permitiu nos despedir dessas músicas antigas para criar algo novo, com os melhores elementos da banda”, diz Kapranos.

No final das contas, revela que está feliz porque o longo processo deu a chance para a banda ter essa perspectiva. E as canções evoluíram, estão melhores do que se fossem lançadas anos atrás. “Acho que a identidade da banda está mais forte do que nunca, mas também estamos fazendo coisas que não havíamos realmente feito antes. Eu sempre sonhei com esse disco”, completa.

Dos medos para os sonhos, Kapranos é assumidamente um sonhador, o que acha algo muito saudável. “Gosto de ter momentos em que fico olhando para o nada, deixando minha mente divagar. É assim que as coisas fazem sentido para mim.” A ideia, diz, é entender o que parece incompreensível para sua mente consciente – um processo. “É engraçado, porque quando eu era pequeno, todo mundo me dizia para parar de sonhar acordado. Meus pais, meus professores… Muitos artistas passaram pela mesma coisa…”

Bob Hardy lembra de uma passagem que viveu com um amigo pintor cujo antigo boletim escolar tinha a seguinte anitação: “Ele sonha demais acordado”. Kapramos emenda: “Todos os meus boletins diziam a mesma coisa. Era como se dissessem: ‘Não, você não será artista! Concentre-se!’”

O Franz Ferdinand entra em turnê pela Europa a partir de fevereiro e chega a América do Norte em abril.